Os Correios decidiram adiar a convocação dos aprovados nos concursos realizados em 2024 para somente ao longo de 2027. A medida faz parte do novo plano de reestruturação da estatal, que enfrenta um dos piores cenários financeiros da sua história.
A informação foi divulgada pelo O Globo e pelo Estadão. O presidente atual da empresa, Emmanuel Rondon, já havia sinalizado aos sindicatos que não há espaço para novas contratações por enquanto, devido ao rombo bilionário nas contas.
Mas há um detalhe importante: o prazo de validade dos concursos está correndo, e alguns cargos não podem esperar até 2027. Confira:
📅 Prazos de validade dos concursos
🔹 SESMT (Segurança e Medicina do Trabalho)
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Validade até novembro de 2026
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Já teve prorrogação — não pode ser estendida novamente
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Convocações obrigatórias em 2026
🔹 Área Operacional (carteiro e analista)
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Validade até abril de 2026, podendo ser prorrogada até abril de 2027
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Esse é o limite final para chamamentos
Os concursos ofertaram 3.544 vagas no total, sendo:
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3.511 vagas na área Operacional (3.099 carteiro + 412 nível superior)
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33 vagas no SESMT, além de cadastro de reserva
Apesar disso, nenhuma convocação aconteceu até agora.
🔄 Troca de comando e incertezas
O então presidente Vinícius Farah deixou a autarquia em setembro, sendo substituído pelo delegado Rodrigo Dias Coelho.
Mesmo com a mudança, Farah afirmou que todo o trabalho envolvendo concursos, plano de cargos e salários e benefícios será mantido.
Em nota anterior, os Correios disseram que chamadas serão feitas “de acordo com a necessidade da empresa e a ordem de classificação”.
🏗️ Plano de reestruturação aprovado — e um PDV gigantesco
Em novembro, a empresa aprovou um plano de reestruturação em três fases:
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Recuperação financeira
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Consolidação
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Crescimento
A expectativa é:
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Reduzir déficit em 2026
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Voltar a ter lucro em 2027
Entre as medidas, está um Programa de Demissões Voluntárias (PDV) que pode atingir até 10 mil funcionários, limitado a setores com ociosidade.
A intenção é reduzir custos, aliviar a folha salarial e só depois voltar a contratar aprovados em concursos.
É comum órgãos chamarem concursados após PDVs — ou seja, apesar do atraso, a convocação continua provável.
💸 Crise bilionária dos Correios: de onde vem o problema?
O prejuízo acumulado da estatal chegou a R$ 4,37 bilhões.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicou que parte da crise vem do modelo atual do setor postal:
Os Correios precisam manter serviços em localidades distantes, enquanto empresas privadas ficam com as rotas lucrativas — “o filé mignon”.
Além disso, medidas econômicas recentes do governo PT — como a taxação das compras internacionais (Shein, Shopee, AliExpress, Temu…) — afetaram o fluxo de pequenas encomendas, um dos serviços que mais gerava receita para os Correios nos últimos anos.
Com o aumento da taxação, houve redução no volume de pacotes processados, agravando ainda mais o déficit.
Haddad descartou qualquer discussão sobre privatização:
“É muito difícil o Estado abrir mão dos serviços postais, que garantem universalização.”
📌 Vai ter novo concurso Correios?
Apesar do cenário complicado, a possibilidade não está descartada.
Há demanda principalmente para atendente comercial, cargo que causou críticas por não ter sido incluído no concurso anterior.
Mas, enquanto a crise não estabiliza — e as convocações antigas não acontecem — não há avanço real para um novo edital.
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